terça-feira, 16 de março de 2010

Linhas-guia do projeto Escrilendo na casa dos sonhos



As linhas-guia do projeto Escrilendo na Casa dos sonhos apresentadas pela coordenadora Danielle Maria da Conceição 




Projeto de leitura da Casa dos Sonhos 
Objetiva intensificar e qualificar as atividades de práticas de leituras, assim como incentivar a criação de espaços e práticas de leituras nas comunidades de intervenções para melhorar o desenvolvimento no processo de aprendizagem escolar das crianças e adolescentes; visando à diminuição dos índices de repetência escolar e a ampliação do universo cultural dos mesmos.

Objetivo das mediações na instituição 
Estimular nas crianças e nos adolescentes matriculados regularmente na Casa dos Sonhos, vindos das escolas públicas do bairro, práticas cotidianas de leituras que contribuam para a formação de novos leitores e leitores críticos, garantindo assim o direito à leitura.

Características do público 
A Casa dos Sonhos atende um grupo direto e indireto.

Público direto
O público direto que participa da atividade de práticas de leituras é constituído de:
• Crianças que participam do processo de pré-alfabetização e que estão envolvidas num processo de iniciação a leitura através da hora do conto e do reforço escolar;
• Crianças e adolescentes estudantes do ensino fundamental, considerados alfabetizados pela escola pública, mas que apresentam dificuldades na aprendizagem dos conteúdos escolares e que já participam das atividades da Casa dos Sonhos regularmente.

Público indireto
O público indireto atendido pelo projeto de leitura da instituição é:
• A comunidade local, com atividades de leituras públicas, como tenda da leitura nas ruas, sopro poético na praça do bairro; empréstimo para a comunidade.
• Visita às escolas estimulando professores e alunos quanto à prática de leitura, através das mediações lúdicas, hora do conto e roda literária; empréstimos para alunos.
• Outras entidades que trabalham nessa expectativa do prazer pela leitura através de tendas de leituras, oficinas de reflexões e planejamentos de práticas de leitura.

Principais atividades de leitura e objetivo específico 

Objetivo específico dessas atividades
Viabilizar o acesso das crianças e dos adolescentes de Várzea Nova e da Comunidade Santo Amaro, ao espaço e as atividades de práticas de leituras desenvolvidas pela Casa dos Sonhos.


Espaço de leitura da Casa dos Sonhos
Para estimular a leitura precisamos ter uma estrutura que remeta o grupo a pensar e desejar mergulhar no mundo da imaginação e do prazer literário. Nós optamos por uma sala iluminada, onde organizamos uma pequena biblioteca com um acervo literário infantil, juvenil e também didático para as pesquisas escolares. Os livros são ingredientes indispensáveis para o funcionamento da biblioteca. Ainda não temos um número suficiente de títulos diversos para renovar a leitura individual, porém, a biblioteca funciona bem, recebe visitas dos educandos, os livros circulam bem nas mãos de cada um através do empréstimo que acontece semanalmente. A escolha do livro é pessoal. Nós sempre procuramos respeitar o gosto literário de cada um, deixando-os livres para serem protagonistas de sua leitura individual. Assim, uns escolhem mais poesias, contos de fadas, gibis e outros gostam de pesquisar em dicionários, atlas, revistas... Percebemos com o passar dos dias que as crianças gostam de ler. Dizem que desde que sejam livros, tenham ilustrações, historinhas vale a pena, afirmaram alguns leitores mais assíduos da biblioteca.

Empréstimo dos livros
As crianças e adolescentes da instituição tem acesso ao livro para levarem para casa uma vez na semana, e passam exatamente oito dias com o livro podendo ler para a família, leva-lo para a escola ou apenas ler individualmente. No ano passado foram emprestados 325 livros, o que para nós foi uma grande surpresa, já que nossas crianças apresentavam dificuldades e desestímulos quanto à leitura, no entanto as mediações e manifestações de leitura na instituição estimularam as crianças e adolescentes a serem leitores e protagonistas em seus espaços de família, escola e individual.

Catalogação do acervo 
Para podermos disponibilizar os livros para os educandos, o acervo passou por uma catalogação sistemática, pois é necessário para podermos ter um controle do empréstimo, para sabermos quais os títulos existentes no acervo para indicarmos aos leitores, para ter como indicar os títulos também para as educadoras e facilitar a organização da biblioteca. O nosso acervo é marcado por cores, ou seja, cada gênero recebeu uma cor para facilitar a visualização do título, o acesso do educando e a organização dos títulos dentro da biblioteca. Essa técnica ajudou a manter o acervo organizado, facilitou o acesso do educando aos seus títulos preferidos e faixas etárias indicadas.

Exemplo:

Mediar leitura na biblioteca significa: 
“Fazer fluir material de leitura até o leitor, eficiente e eficazmente, formando e preservando leitores. Significa uma postura ativa, de acordo com uma biblioteca moderna e aberta”.

Como se organiza um espaço de leitura? 
• O espaço de leitura precisa ser uma sala ampla, iluminada, com livros expostos aos leitores;
• Organizar os assentos com almofadas e em círculo, visando uma comunicação grupal e resgate a contação de história em roda;
• Exposição de fantoches para uso nas contações de histórias e criações de histórias;
• Adereços para aguçar o imaginário do ouvinte e para estimular a criação de histórias. • Varal de poesias, criações de histórias, desenhos temático.
• Cortinas claras nas janelas;
• O espaço precisa ser um lugar confortável, e ter presente o principal instrumento: livros.

O papel do mediador de leitura 
O mediador é aquele indivíduo que aproxima o leitor do texto. É o facilitador desta relação. Como intermediário de leitura, o mediador encontra-se em uma situação privilegiada, pois tem nas mãos a possibilidade de levar o leitor a infinitas descobertas.

Quem pode mediar leitura? 

  • Os familiares; 
  • Os professores; 
  • Os bibliotecários; 
  • Os escritores; 
  • Os editores;
  • Os críticos literários; 
  • Os jornalistas; 
  • Os livreiros; 
  • Os tradutores; 
  • Os web designers, e até os amigos que nos emprestam um livro ou indicam um CD-ROM ou uma página literária na Internet. 

O que é mediação de leitura? 

  • Mediar é tornar a história interessante para o leitor, debatendo, colocando-o na história, instigando seu imaginário; 
  • O mediador é a pessoa responsável por fazer a ponte entre o livro e o leitor. Considerar o individuo como sujeito integral...
Na mediação da leitura tem que haver uma interação mediador/conteúdo, forma/saberes, objetivos/atividade. Os saberes do outro são provocados pelo mediador que abre janelas que permitem que o outro participe da história sem que esta perca o sentido do autor. O mediador tem que ser cupido, fazer o leitor se apaixonar pela história!

Contar histórias é uma grande arte! Como se faz?
Antes de o mediador começar a contação da história é importante situar o ouvinte: ler o título do livro, apresentar a capa, anunciar o nome do escritor, da editora, estimular a curiosidade do leitor quanto aos personagens, deixa-lo a vontade para curtir a história.

A narração da história 
Cada mediador tem seu jeito próprio de contar história, ninguém narra igual ao outro, cada pessoa tem seu jeito individual de se expressar na contação em público. Existem algumas dicas para uma boa narração. Que tal? A melhor técnica para narrar histórias de maneira sedutora, prazerosa e envolvente para crianças é, em primeiro lugar, ser um contador absolutamente apaixonado pelo mundo do “faz-de-conta”. Estar envolvido afetivamente com a narrativa é ponto fundamental. A história tem que ser narrada com paixão, sentimento, entrega, partilha. Sem dúvida, existem algumas maneiras de fazer do momento da leitura um espaço de prazer, troca, dinamismo, entrega descoberta e reflexão.

Fechamento da história 
É importante, ao final da narrativa, não fechar imediatamente o livro, mas fazer com que os ouvintes curtam a despedida da leitura, motivando-os a baterem palmas para a história, e utilizar de versinhos para terminar, tipo “Entrou por uma porta, saiu pela outra... Quem quiser, que conte outra...”. Ou outro conhecido...

Maneiras de fazer mediações de leituras para um grupo 



REFERÊNCIAS:
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 4. Ed. São Paulo: 1994
AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? 6. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
CAVALCANTI, Joana. Caminhos da Literatura infantil e juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. São Paulo: Paulus, 2002.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria-análise-didática. 7. Ed. Ver. São Paulo: moderna, 1991. COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário: narrativa infantil e juvenil atual. São Paulo: Global, 2003.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. 10.ed.São Paulo; brasiliense, 1989.
LAJOLO, Marisa. Literatura infantil brasileira: história & histórias.
SILVA, Maria Betty Coelho. Contar histórias: uma arte sem idade. 10. Ed. São Paulo: Ática, 2004.